terça-feira, 24 de junho de 2008

Segunda. De manhã. Aula de filosofia. Com chuva.

E chove. Chove muito. O professor não parece muito animado, já que não retomou a aula anterior, como faz na maioria das vezes. Hoje não. Hoje a aula começa ao "revés" - como dizem muito lá na Fronteira da Paz. Os colegas falando de religião! Trabalho em grupo, cada semana um grupo apresenta um tema. Uma segunda-feira chuvosa, temperada com uma discussão acalorada pontuada por "eu achos", "é a minha opinião", etc. Ah! Mas eu não vou comprar essa briga: falar de religião, deixo pra quem gosta. E chove! Enquanto isso, na outra extremidade da sala um colega reafirma os valores tecnológicos da contemporaneidade tirando uma foto com seu telefone móvel. A vida sem celular... Faz tempo. Fim da apresentação. Hora da socialização. Eu não debato com fome; hoje eu sou expectador. E o professor "vai" bem viu? Fala muito bem, ele. Esquentou o debate! Enquanto isso, eu encho esse "negócio" de exclamações. "Os teólogos católicos e protestantes". Tem um colega formado em teologia. Gente boa. "E os evangélicos", penso eu. Há, de fato. O rapaz do celular está inquieto. "Centroavante". Parece um futebolista. O zum-zum ali não pára. E eu com fome, tédio e sono. E adivinhem só: Chove! "Marx e a religião"; tá ficando pesado o clima. - "Marx e religião"? - "Sim ."- "Nossa!". "Narcotizar", esse era o propósito da religião "na opinião" de Carl Marx. Sabiam disso? Eu não! Tantas são as leituras, pouco é o tempo. Já disse que eu não vou entrar no mérito. Continuo aqui, firme na paçoca. Escrevo pra não dormir. "O que Freud acha da religião?" Sei lá! Belo texto esse: parágrafo único livre, "solto", "folgado", "truncado". Nada Parnasiano. O professor cita muito! Vários! Gosta muito dos filósofos alemães. É lógico: lê bastante, fala bastante. Citando, a aula vai passando. Olha a rima! Tá fácil, hein? Perco a vontade de escrever. Agora o professor cita Dostoyevsky. Eu tenho os miseráveis. Ainda não li. Sem tempo. Quem sabe nas férias? E chove opiniões. Chover é verbo meteorológico, diz a lingüística. Impessoal. Impessoalidade não existe aqui. Paro ou continuo? O professor continua. "Eu acho que a lei maior é a lei do amor", diz a colega. Outra cita um fato da vida alheia. Difícil falar de religião sem iniciar um culto.Vou encerrar meu relato sonhando com o almoço, que ainda está longe. 9:45. Intervalo.