domingo, 13 de setembro de 2009

Crianças, alguém pode me dizer o que é um sarau?

Noite passada fui a um sarau organizado por um amigo. Nada como um sarauzito pra frear esse "trem", como diria o mineiro, chamado pós-modernidade. Algumas horas para esquecer o corre-corre diário, o bronca do chefe, as responsabilidades atrasadas, enfim. Algumas horas viajando pela poesia, pela música ou pelos semblantes das belas jovens lá presentes - poucas, é vero, "pero peor es nada". Tudo isso que eu acabo de descrever funciona. Em teoria. Chego lá e o que encontro? Casa cheia. Após uns minutos de preparação, finalmente, começa o evento. Três pessoas recitando poemas de diversos autores - dentre os quais estão incluídos os de autoria do organizador bem como de seus convidados - e um músico "fazendo uma cama", como se dis no jargão musical, proporcionando uma trilha sonora para o momento. Deveras agradável. Ah! E como esquecer da menina recitando Baudelaire em seu idioma original, Français? Agradabilíssimo. Agora começa o pior: se em cima do palco tudo vai muito bem obrigado, na platéia nem tudo. Aqui começa a crítica (adoro esse momento). As pessoas não estão acostumadas a ouvir. Embora o o público tivesse colaborado no início do ato, prestando atenção e (tentando) fazer silêncio, praticamente da metade pra frente a coisa desandou. Foi como me disse depois o ilustre anfitrião "as pessoas não conhecem a cultura do ouvir" (se não foi literalmente isso, tomo a liberdade proporcionada pela paráfrase e expresso apenas o sentido da afirmação). ão sabem ouvir mesmo. E parecem não querer saber, o que e pior. Vai ver eles não acham graça na metáfora - ou não a entendem. Em poucos minutos nota-se o clima dissonante entre palco e platéia; de repente, num lapso de indignação me obrigo a pedir ao sujeito que não parava de tagarelar que baixe o volume de sua desagradável voz. Não surtiu muito efeito o meu pedido (não verbal, diga-se de passagem, apenas me virei e fiz sinal com minha mão, movimentando-a continuamente para cima e para baixo) . E assim foi. Um duelo. Deduzo que mais da metade desconhece o que é um sarau, para que serve um sarau (já que a lógica instrumental tá na moda). Me entristece a falta de respeito das pessoas, o descaso para com o outro, a ignorância instituída que impede que prestem atenção a algo que desconhecem. Desconhecem, ignoram - e desdenham. Típicos tolos. E no fim das contas o que acontece? Tudo vira boteco. Com sarau ou sem sarau, mas com boteco.


Moral da história: "Mouros 3, cristãos 0."

Congressos - conclusão

Então o senhor inglês que parecia o Anthony Hopkins falou muito sobre letramento e sua experiência na África e à tarde tive não apenas a oportunidade de participar de uma "mesa redoda(que não era redonda e tampouco mesa mas sim um auditorio) e constatar o quanto as pessoas nessa região onde vivo não conseguem ser objetivas.