terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Enquanto isso, nas páginas de um famoso site de relacionamentos na internet...

Falei da revolução tecnológica no post anterior. Dentre tantas bugigangas eletrônicas que pontuam nossa existência está, digamos, a mais significativa delas: o computador. Graças a ele eu posso expressar minhas idéias neste espaço. Agora, chegarei ao ponto. É através do computador que se pode acessar "sites de relacionamento na internet" - como a midia televisiva propõe. Desde aquele mais famoso - sim, esse mesmo - até aqueles menos populares, uns dois ou três. Nesse tipo de site, as pessoas "preenchem uma ficha" que representa a extensão de suas personalidades: é possível mostrar como se é bonito através de fotos; também pode-se tornar publico o posicionamento ideológico perante certos assuntos - ou a falta de tal posicionamento, muito recorrente. Também é possível declarar para os "amigos" o quanto se gosta deles. Imagino que o contrário, embora possível, não ocorra com tanta freqüência (ou nenhuma freqüência) como no primeiro caso. Em um primeiro momento esse tipo de site é muito interessante: permite a comunicação rápida, a divulgação de trabalhos, de idéias, é possível conhecer pessoas distantes, o que não ocorria antes da revolução tecnológica: graças ao tal site esse, pude encontrar o senhor Sérgio Dias. Quem? Guitarrista dos Mutantes. Quem? Esse. Muito bom saber aquelas coisas pelas quais só fãs malucos se interessam - com que guitarra tu gravaste os discos? Os amps eram todos feitos pelo teu irmão, Cláudio César? - e por ae vai. Graças ao famigerado site de relacionamentos na internet. Meu problema com esse tipo de site é o seguinte: acho uma grande tolice usar uma ferramenta como essa a serviço do ego. Nesse site - sim, o mais famoso, esse mesmo - todos são bonitos, ninguém tem preconceitos, defeitos? Capaz! A vida é uma festa. Lá é possível exibir-se, "pavonear-se", exaltar a própria imagem: I love me. Muita gente exibe fotos nas quais aparecem bebendo: "vejam! Eu bebo! Que legal que eu sou, né? Afinal, neste "país", o álcool é uma entidade integradora, socializante. Diga que não consome álcool e choque as pessoas: soa, praticamente, como "eu não tomo banho". Choca. Se eu não for bonitão, caso me encontre distante dos padrões de beleza vigentes, muito cuidado: é preciso ser sábio na escolha das imagens, afinal, não são todos os ângulos que privilegiam minha beleza. Agora, se a natureza tiver sido generosa, aí sim, sai da frente! Seqüências intermináveis de fotos de mim mesmo (a), mostrando tudo e mais um pouco - a imensa maioria no banheiro, onde há um espelho que ajuda na hora da autopropaganda - tudo o que Deus me deu! Fazendo biquinho, sinal de paz e amor - muito em voga - mostrando as curvas, calça de cinturinha baixa (no caso delas) e os músculos no caso deles. Meu primo, por exemplo, passa horas diante do computador vendo as fotos das amigas virtuais. Não apenas ele, que tem apenas 15 anos, mas muito barbado, da mesma maneira. Agora, chegarei à cereja do bolo: aquele espaço destinado para que os usuários falem de si próprios. Como mencionei acima, ninguem tem defeitos, não é? "Ah, dificil falar de mim... sou uma pessoa tranqüila, companheira, adoro meus amigos e familia... bla, bla, bla...". Isso vai de encontro aquelas perguntinhas "de onde vim, para onde vou?", de cunho existencialista. Resumindo: a questão sobre o sentido da vida foi abolida, uma vez que é muito fácil - aparentemente - definir o nosso ser. Respeito muito aquelas pessoas que escrevem coisas como "sei lá", ou "descubra você mesmo". Isso é honestidade. Raramente se vê - eu não lembro se já vi- alguém falar dos próprios defeitos. Todo mundo é belo, compreensivo e de bem com a vida. Finalmente, há a questão da autoafirmação: não basta ser, é preciso MOSTRAR que se é! Já ouvi isso de uma pessoa bastante próxima e não foi muito agradável ("não tem graça se os outros não vêem"). Ilustrando minha afirmação, cito o exemplo de sujeitos que se dizem músicos. Cidadão vai lá, adquire uma guitarra asiática, um amplificador nacional de qualidade duvidosa, aprende alguns acordes, monta uma banda com os amigos, toca em um lugar qualquer também para os amigos e, de repente, "é músico". Tá fácil, hein cidadão? É músico, oras: o cara aparece ali empunhando um instrumento, num lugar qualquer e pronto. Antigamente o buraco era mais embaixo. Hoje, basta ter uma conexão com a internet e pronto, dê asas à imaginação. Quem é que vai dizer que o cara não é músico, se ele aparece ali como tal, se autointitula músico, dá "pitacos" sobre música - sim, porque o discurso é maravilhoso: gratuito e passivo - e quem é que vai dizer que o cara NÃO é músico? Eu? Não, a não ser que eu queira arranjar encrenca com o sujeito. Enfim, é isso. Acho que a questão não é "satanizar" esse tipo de site, afinal, também possuo um perfil nesse mais "famosinho", mas sim questionar o uso que se faz desses recursos. Desses e de muitos outros que estão aí e que, em tese, deveriam facilitar nosso dia a dia. Chega que tá na hora do almoço.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Fim de ano, fim da década, fim do mundo... Fim da prolixidade? Não!

Dez! Nove! Oito! Sete, seis; cinco. Quatro? Três... dois, 1: mais um. Ano chega. Ano vai. Parece que foi ontem, o tão esperado ano dois mil, dez anos distante do agora, cheio de esperanças, véspera da virada de século - século vinte um, aqui estamos. Não se trata apenas do fim desse período de 365 dias, ou 8760 horas, ou ainda 14600 (terei calculado corretamente?) segundos, enfim, o tal de ano, esse... é a véspera do fim da década. Sei lá, quando se diz: "os Beatles revolucionaram o mundo na década de 60", parece que uma década, embora possua apenas dez unidades "ano", durava muito mais, demorava muito mais a passar do que nos dias presentes. Que estranho, né? Uma década ainda "vale" dez anos, os anos ainda tem 365 dias, mas parece que o tempo passa muito mais rápido. Mais uma vez, entro nesta questão: a percepção da passagem do tempo, a falta de tempo pra fazer qualquer coisa, a correria, o que seja, uma vez que tudo isso está interligado. Muitas cenas marcantes nessa década: revolução feminina, guerra do vietnã, o verão que não acabou em 1967 - hippies, cara... paz e amor, Haight Ashbury, San Francisco - os Beatles começando e "acabando", enfim; parecia que esses acontecimentos "duravam" por algum tempo - a tal década que parecia imensa, pelo menos. E, de dois mil pra cá, nossa! Parece que foi ontem! Chegou o celular... se não me falha a memória, caiu nas graças do povo na metade de 99 ou inicio de 2000. Pra não ser redundante nesse assunto da passagem do tempo, basta perguntar como era a vida antes e depois da chegada do celular. Passou rápido essa década, e o que mudou? Muita coisa! Pra melhor? Dificilmente. Crack, tsunami, 11 de setembro, iraque, avião da Tam e por aí vai. Querido ser humano. antes parece que a coisa ia de um em um. Agora parece que vai de dez em dez. Dois mil e dez é quase onze, é quase outra década., mais uma na conta. Minha existência totaliza quase duas décadas e meia. Na metade deste ano, possuirei um quarto de século, e o que é que eu vou fazer? Não são planos para um ano, são planos para uma década, já que um ano está para uma moeda de dez centavos assim como uma década está para uma moeda de um real - filosofia barata.

Resumo do primeiro post do ano, justificativa e uma esperança nesta nova década: recebi um "elogio" em forma de crítica de uma professora, aliás, uma querida professora: "... teus períodos lembram-me os de Rui Barbosa: muito longos!". Tô bem, não acham? Li um trecho do senhor Barbosa dia desses e não deu outra: me senti em casa. Resumo do post, curto e grosso: a revolução tecnológica acelerou nossas vidas e agora parece tão difícil perceber a realidade devido ao bombardeio (inútil) de informações que nos toma de assalto diariamente. Putz, falhei. Segue imenso. Tenho uma década, dez anos, ou um ano de cada vez, dependendo do ponto de vista, pra aprender a ser menos prolixo, menos "Rui". Que em doismiledez eu seja menos prolixo - não apenas no que se refere ao texto, mas também à existência (ó.) pontofinal